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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Pai de estudante internada na Santa Casa faz contato com filha por papel

Pai de estudante internada na Santa Casa faz contato com filha por papel Tadeu Vilani/Agencia RBS

Foi a primeira comunicação da estudante Ana Carolina Soares da Costa, 18 anos, desde domingo, quando foi internada na UTI da Santa Casa de Porto Alegre

Duas folhas de papel A4 rosas com frases escritas em uma caligrafia difícil eram o certificado de uma boa notícia para o técnico em segurança do trabalho Adilton Jorge da Costa.
Foi a primeira comunicação da filha, a estudante Ana Carolina Soares da Costa, 18 anos, desde domingo, quando foi internada na UTI do Hospital Santa Clara da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.
Salva por um desconhecido do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, Ana Carolina respira com auxílio de aparelhos e perguntou ao pai, por escrito, quando sairia de lá. Também quis saber que dia era ontem, se o pai havia dado notícias para a prima que mora em Viamão e como estava o namorado, Juliano Almeida da Silva, 21 anos, com quem havia ido à festa. Adilton respondeu com sinceridade a todas as perguntas, exceto a última.
— Eles não está em uma situação boa. O estado é bem mais grave. Está sendo atendido no hospital Cristo Redentor — disse à reportagem.
Não foi a única notícia que o pai omitiu para preservar a filha na recuperação. A prima Paula Simone Melo Prates, que estava com o casal na boate, não resistiu aos ferimentos. Sequer chegou a ser atendida.
Moradora de Santa Maria, Ana Carolina foi transferida para Porto Alegre ainda no domingo. O pai e a madrasta, também moradores da cidade, vieram para a Capital na mesma ocasião. Pediram licença no trabalho e estão hospedados na casa de parentes. Não têm data para voltar. Ou melhor, têm: o pai prometeu a Ana Carolina que retornariam apenas acompanhados dela. Os médicos não deram previsão de alta. Há a expectativa de que os tubos sejam retirados em um ou dois dias. Ferida no rosto e nos olhos, a jovem está enxergando, embora de forma ainda turva. A perda da visão era um dos medos dos familiares. Enquanto isso, a família conta com a solidariedade alheia, como conta a madrasta Elizandra Tambara:
— Fomos abordados até na parada de ônibus. Teve gente que nos perguntou se somos de Santa Maria para oferecer ajuda, lugar para pousar, doação de sangue. Pessoas que nunca vimos.
Uma delas foi Núbia Neves Sampaio. Ela estava na recepção da UTI do Hospital Santa Clara para visitar uma vizinha que teve um acidente vascular cerebral e conversou com Elizandra, que gravou seu número de telefone. Núbia justifica:
— Tenho um filho de 26 anos que fez treinamento pelo Exército em Santa Maria durante seis meses. Para mim, é como se ele estivesse lá nesse momento.
Um dos hospitais que recebe os mais de 50 sobreviventes da tragédia que estão em estado grave, a Santa Casa se prepara para acolher novos pacientes. São pessoas que se recuperaram aparentemente bem do incidente, mas que tiveram sintomas tardios de mal-estar. Ontem, o hospital recebeu uma jovem nesse estado. Chegou com os pais de Santa Maria e foi atendida na emergência. O diretor geral e administrativo Carlos Alberto Fuhrmeister destaca:
— O desencadeamento do processo de insuficiência respiratória pela inalação da fumaça pode se dar até cinco ou seis dias depois. Estamos com o sinal de alerta ligado.
ZH

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