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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Delegado afirma que opção por sinalizadores mais baratos contribuiu para incêndio na boate Kiss

 

Equipamentos utilizados pela banda não eram adequados para ambientes fechados

Delegado afirma que opção por sinalizadores mais baratos contribuiu para incêndio na boate Kiss Félix Zucco/Agencia RBS
 
Boate na Rua dos Andradas está sendo periciada Foto: Félix Zucco / Agencia RBS
Humberto Trezzi e Marcelo Martins
Uma sucessão de erros, entre eles a economia de menos de R$ 70 reais, teria contribuído para a dimensão da tragédia que matou 234 jovens na boate Kiss. Na madrugada de domingo, a danceteria incendiou durante uma festa. Conforme o delegado Marcelo Arigony, os sinalizadores que provocaram o incêndio eram inadequados para lugares fechados. A banda optou por usar um artefato que custa R$ 2,5, quando o correto seria utilizar outro, que custa R$ 70 (esse sim, próprio para ambientes fechados).
Além deste problema, a Polícia Civil e o Ministério Público listaram, durante coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira, uma série de outros problemas encontrados na danceteria, nesses dois primeiros dias de investigação. O alvará sanitário da casa noturna venceu há quase um ano, em 31 de março, e o do Plano de Prevenção Contra Incêndio venceu em 10 de agosto. Os extintores não funcionaram e não foram encontrados sinalizações luminosas de saída em funcionamento. Foram feitas reformas internas sem embasamento na lei. A espuma que forrava o teto era altamente inflamável, contrariando as normas técnicas.
Apesar dos alertas, o delegado Arigony, adotou uma postura de cautela e ponderou que apenas as investigações e os trabalhos da perícia poderão, de fato, constatar o que teria ocorrido na madrugada do último domingo, na casa noturna.
— Constatamos um série de irregularidades preliminarmente e a boate não deveria estar funcionando. Se houve negligência de uma outra força pública ou de quem quer que seja apenas a investigação e a perícia poderão nos dizer isso. Encaminharemos toda documentação ao MP — disse o delegado Arigony.
O promotor Cesar Augusto Carlan também segue a linha de cautela e esclareceu que à medida que os documentos — dos bombeiros e da prefeitura — será possível apontar eventuais falhas e responsáveis pela tragédia, que vitimou pelo menos 234 pessoas.
— Não temos ainda as provas concluídas para dizer onde houve a falha. Os trabalhos poderão apontar se houve falha da prefeitura, falta de fiscalização ou se o poder público agiu à revelia e se, até mesmo, contribuiu para essa tragédia — diz o promotor.
Já foram ouvidas, até o momento, 44 testemunhas e realizadas cinco ações de busca e apreensão. É com base nesses documentos que se pretende estabelecer quem são os verdadeiros donos do estabelecimento, ainda não totalmente identificados. O promotor Carlan adiantou que o MP estuda o indiciamento dos presos por homicídio culposo, ou com dolo eventual, quando o autor assume o risco de matar ao agir com extrema negligência.
O promotor Joel Dutra acredita que o MP não pode se limitar apenas à área criminal, mas também deve atentar para eventuais situações que deem indícios de improbidade administrativa.
— Não podemos nos preocupar só com com a área criminal, mas também com a área da improbidade administrativa. Claro, que se é que se vai se apurar que algum agente politico teve, de fato, alguma participação — avalia Joel Dutra.
Ao final da entrevista, manifestantes cercaram a Delegacia clamando por justiça.

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